quarta-feira, 13 de abril de 2011

Entrevista com Hélcio Jacques de Almeida (Jack), designer de produto

Hoje publicarei aqui uma entrevista com Hélcio Jacques de Almeida, também conhecido por seu apelido Jack, que é um designer de produto com vasta experiência no setor de eletro-eletrônicos. Ele presta serviços para empresas localizadas em várias partes do país através de seu escritório, Jacques Design, que existe há 17 anos. Formou-se em Design de Produto pela UEMG, onde hoje exerce a função de professor. Nesta entrevista, procurei perguntar para ele sobre aspectos importantes para quem está trabalhando ou quer trabalhar com design produtos eletro-eletrônicos, e também como ocorreu o desenvolvimento de sua carreira e da sua experiência profissional. Para conhecer o portfólio da Jacques Design, visite o site no link: http://www.jdesign.com.br/.

Segue a entrevista:


Seventh Design Blog - Como e quando você começou a trabalhar com design de produtos eletro-eletrônicos? Qual foi o primeiro projeto?

Jack - Na verdade, a escolha do setor eletro-eletrônico foi meio casual. Ainda na faculdade, apareceu uma oportunidade de um estágio em uma empresa que atuava no setor de eletromedicina. Nesta época (1982), as oportunidades para trabalhar com design de produto eram raras. Minha atividade neste estágio não era bem de desenvolvimento de produtos. Esta empresa, tinha um setor de reformas e manutenção de aparelhos de raio-x. Comecei trabalhando com detalhamento de placas de circuito impresso e refazendo a arte dos painéis dos aparelhos.

Participei de um concurso interno da faculdade, para o desenvolvimento de um case para um Ozonizador de Água, e o meu projeto foi escolhido. Como prêmio, o fabricante ofereceu um produto e a possibilidade de acompanhamento da fabricação do protótipo. Foi aí que o setor me escolheu... Quando acompanhava a fabricação do protótipo do Ozonizador de Água, conheci o profissional que desenvolveu o modelo do produto (o produto utilizava como matéria prima a fibra de vidro). Este modelador era um profissional bastante conhecido no mercado e tinha uma visão muito interessante sobre design de produto. Foi o meu mais importante mestre. Com ele, eu acabei fazendo vários contatos na área de eletro-eletrônicos, pois nem sempre os clientes que o procuravam tinham um projeto bem desenvolvido e, sempre que possível, ele me indicava para melhorar o projeto antes de executar os modelos. Meu primeiro projeto industrializado foi o Ozonizador de Água.

Mais ou menos na mesma época também desenvolvi uma Recuperadora de Prata como tema da minha graduação para a empresa em que eu estagiava.


SDB - Qual é a categoria, nicho de mercado ou produto mais requisitado pelas empresas do setor?

Jack - Acredito que não exista uma categoria mais ou menos requisitada. O que eu percebo deste mercado é que existem empresas que priorizam no desenvolvimento de produtos a inovação (formal, funcional, tecnológia, etc...) e outras que priorizam a parte fabril. Nas duas condições, nós designers encontramos um vasto território para atuar.


SDB - Qual a metodologia aplicada pelo seu escritório em um projeto para o setor?

Jack - Eu sempre acreditei que a "receita do bolo" deve ser elaborada por cada profissional. Desenvolver um produto eletrônico, na essência, não é diferente de desenvolver qualquer outro produto. Claro que cada setor tem suas particularidades, seus fornecedores específicos, os materiais mais utilizados, as tecnologias apropriadas, etc... Mas, no fundo, projetar uma caixa de fósforo ou um equipamento eletrônico sofisticado, em termos de metodologia de projeto, não difere muito.


SDB - Qual ou quais foram os projetos que obtiveram resultados interessantes para o escritório e para a empresa que você poderia citar? Como foram desenvolvido e quais foram seus principais desafios?

Jack - Acho que a maior parte dos projetos desenvolvidos aqui tiveram resultados interessantes tanto para os clientes quanto para o próprio escritório. Vou citar um exemplo: Videocolposcópio Eletrônico "ColpoScan".

A história desse produto é bastante interessante. O cliente, quando nos procurou para o desenvolvimento, não imaginava desenvolver todo o equipamento. Sua necessidade imediata era desenvolver a fonte de luz para o equipamento. No decorrer do projeto, percebeu que o produto necessitava de um desenvolvimento completo. O Videocolposcópio era o primeiro produto da empresa, que tinha como atividade principal, manutenção de equipamentos hospitalares. O projeto foi um sucesso, e após algum tempo, desenvolvemos a segunda geração e depois a terceira geração do equipamento.


SDB - Que tipo de perfil as empresas do setor exigem num escritório de design e nos responsáveis pelo projeto?

Jack - Algumas empresas valorizam a experiência no setor. Principalmente, quando o prazo para o desenvolvimento é reduzido. Conhecer bem os fornecedores, a tecnologia que será utilizada, os componentes e materiais, é importante quando se tem urgência no projeto. Fora isso, acredito que cada empresa tem uma visão diferenciada quanto ao perfil do profissional de projeto.


SDB - Existe alguma vantagem ou desvantagem no fato de fazer projetos em outros setores? Quais produtos de outras áreas você pode destacar no seu portfólio?

Jack - Bom, particularmente, eu acredito que quanto mais experiências o designer tiver, melhor será o seu repertório de projetos. Eu gostaria de ter tido mais oportunidades de desenvolver projetos em outras áreas, mas infelizmente o mercado vai te especializando cada vez mais. Já desenvolvi alguns móveis, produtos destinados a higiene pessoal, pet shopping, embalagens, brindes...


SDB - Quais são as perspectivas para a área de projetos de design de produtos eletrônicos nos próximos anos, de acordo com o que você percebe no mercado atual?

Jack - Eu atuo nesta área a 26 anos. Percebo um crescimento constante de demanda de novos projetos. Percebo tbm que as empresas estão mais atentas a necessidade de investimento em design. O setor eletro-eletrônico tem uma característica interessante. Por se tratar de um setor tecnológico, a maioria dos novos empresários são jovens, e consequentemete, com uma mentalidade mais aberta a experimentar novas propostas. Resumindo, acredito que o horizonte para os próximos anos é fantástico.

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